1.4.15

// ARTISTA MÊS ABRIL: JOSÉ LUÍS DIAS //





Abril trouxe o primeiro convidado artista masculino. 

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O mês de Março passou a correr e foi um prazer enorme receber a Charly neste projeto, que se entregou de alma e coração. Mas como tudo o que é bom acaba rápido, já estamos em Abril e é tempo de vos trazer um novo artista, de vos dar a conhecer outros talentos que por aqui andam espalhados.

O artista do mês de abril é um amigo de alguma data [entre conversa apercebemo-nos que já nos conhecemos há 9 anos].
Conheci o Zé Luís no secundário, éramos da mesma turma, e ele sempre foi, para mim, a pessoa que desenhava melhor. Nas aulas de desenho estávamos em mesas lado-a-lado e eu, apesar de saber que ele era óptimo, ficava sempre surpreendida com os trabalhos dele (mas ele é muito modesto então acha que apenas “desenhava bem”). Ele (e eu) achava que ia para Artes Plásticas, pelo menos era esse o desejo há 6 ou 7 anos atrás, hoje é designer gráfico.

Posso não conhecer muitos designers mas, dos que conheço, ele é dos meu preferidos. Não por ser meu amigo, mas porque sempre teve uma plasticidade muito grande e, mais importante que tudo isso, sempre trabalhou e batalhou muito para chegar onde está hoje. Porque se dizem que as pessoas precisam de “10% de talento e 90% de trabalho” ele é a prova viva disso, e essa é uma das (muitas) razões pelas quais eu o admiro tanto. É um bocadinho ressabiado, é verdade, mas tem muita piada e um coração grande. Convido-vos a conhecerem um bocadinho do Zé Luís artista:






Conta-nos, quem é o Zé Luís? Assim um pequenino resumo do teu background, como chegaste até aqui?

 Como cheguei aqui? Muito resumidamente? Isso é uma boa pergunta, começas bem! (risos) Nunca tive necessidade da falar de mim mas há uns tempos tive que escrever uma biografia para um site, por causa de uns trabalhos meus que iam ser publicados, e foi das piores coisas que escrevi na vida! Tinha algumas coisas engraçadas (presumo que do género da descrição dele no Behance, que sugiro que vão ler) mas depois percebi que tinha que ser mais sério.

Então, quem é que eu sou? Eu sou um designer gráfico português que está à procura de trabalhar com os melhores... de trabalhar com as pessoas mais fixes (é uma boa expressão, é isso que eu quero, com os mais fixes) sempre agarrando as oportunidades que me dão, acho que isso é essencial! E, claro, agradecendo todas as oportunidades que me têm dado. Não nasci num berço de ouro e ter a possibilidade de, neste momento, estar a trabalhar onde estou é incrível.  






Como é que decidiste que querias design? Sabemos que inicialmente querias artes plásticas, pintura, por aí...


Eu de início nunca quis design gráfico! Sempre quis ser artista plástico,  quer dizer, sempre... eu queria era ser jogador de futebol, os jogadores de futebol é que ganham dinheiro! Nunca quis ser artista plástico, eu queria era andar aí a curtir... [Digam olá ao Zé Luís cómico, isto da entrevista ser escrita tem de mau o facto de vocês não conseguirem ouvir a forma como o Zé Luís diz muitas coisas, num tom muito cómico e cheio de brincadeira].
Agora a sério, começando do início: a minha mãe nunca pensou que eu fosse, ou que quisesse sequer, continuar os estudos porque na minha família, atualmente, só há 2 pessoas que são licenciadas - eu e o meu primo - e a minha mãe, creio eu, nunca pensou que eu quisesse ir mais além mas acabei por ser um bocado influenciado por vocês, que sempre tiveram essas ideias muito fortes e eu acabei por aprender e absorver muito dos meus amigos. Depois de sairmos do secundário eu candidatei-me a Belas Artes e não entrei por 2 ou 3 décimas e acabei por ficar um ano parado. A início não sabia bem o que havia de fazer, até porque eu não tinha dinheiro para pagar a faculdade, zero! zerinho mesmo! Então decidi que ia aproveitar esse ano para tentar melhorar as minhas notas e para trabalhar e, no ano seguinte decidi arriscar e acabei por ir para design, sem saber ainda que queria design de comunicação. Depois de entrar na ESAD acho que foi intuitivo... foi começar a desenhar, começar a desenhar letras, a ver muitos cartazes e muita coisa, a admirar os cartazes da pessoa com quem trabalho agora (do estúdio onde estou) e isso tudo foi-me marcando e decidi seguir design de comunicação, design gráfico.






 Consegues imaginar como seria se tivesses entrado em Belas Artes?

Não.... eu nem sei bem como é que seria se fosse uma artista plástico... tu sabes, nós sabemos: eu desenhava bem, desenhava... sei lá, acho eu! Tinha boas notas a desenho, é mais isso [estão a ver aqui o Zé Luís modesto que vos falei na descrição?]. Sempre gostei muito de desenhar mas como é que eu seria se fosse uma artista plástico neste momento? Não seria! Não me vejo como tal!



Conseguiste ir buscar, para o teu trabalho de hoje, o que gostavas antes? Achas que tens ainda tens alguma plasticidade do Zé Luís artista plástico?

Consegui.. há certas referências na pintura e na escultura que eu fui absorvendo e que as trouxe, involuntária ou voluntariamente, para o design gráfico. Não é que eu tenha um trabalho muito extenso, ainda estou no início, mas é certo que fui retirar muitas referências da pintura: Miró, Picasso... Basquiat! Basquiat é a minha maior referência, enquanto ilustrador, e isso não posso deixar de assumir. Não quero estar aqui tipo “ei sou o maior, não tenho referências”, não! Tenho as minhas referências, toda a gente as tem, e a verdade é que Basquiat, Keith Haring,  e uma série deles... a própria street art, o grafiti!  Talvez um pouco pelo sitio onde eu vivi: Eu aprendia com os meus amigos na rua “ei , vamos fazer grafitis!” Mas ninguém sabia desenhar então fazíamos uns riscos e depois íamos partir os vidros da escola com as bolas, só fazíamos asneira!! Mas acho que isso faz parte não é? Foi a minha infância!
Eu nem sei se ainda tenho lá na escola algum rabisco, mas provavelmente já devem ter limpo... havia um terrível, era um Homer Simpson, assim com uma sombra amarela, muito mau mesmo!     


Como é que começa o teu dia? Tens alguma rotina?

Eu?! Não sei... a primeira coisa que faço quando acordo é olhar para o telemóvel: para desligar o despertador que já me está a irritar ao 3º ou 4º toque!
Agora rotina rotina... é beber chá! Eu sou daqueles que bebo chá de manhã, não bebo leito! Faz-me mal, só ao fim de semana (risos). Rotinas? Pá, levanto-me e involuntariamente vou logo tomar banho, não faço mais nada!





O que não pode faltar no teu espaço de trabalho?

O meu computador, canetas, e um suporte para desenhar! Às vezes nem precisa de ser o caderno, pode ser uma capa, livros, papéis soltos... tudo o que der para desenhar um gajo desenha! Basicamente os meus “essenciais” são coisas que dão para estar a trabalhar em diferentes sítios ao mesmo tempo... uma das cenas engraçadas agora com os telemóveis, é que eu já não scanarizo as coisas. Tiro fotografias com o telemóvel e passo para o computador. Isso é bom porque eu que trabalho muito à base da digitalização do desenho e isso permite-me estar a trabalhar em qualquer sítio.. ou seja, eu vou para a Casa da Música e tenho o meu “scanner”, tenho o meu caderno e o meu computador, e aí já consigo fazer coisas incríveis... acho eu! Ou coisas, retiro o incríveis! Faço coisas (risos), coisas incríveis ainda não faço.


Tens algum tipo de processo criativo? 

Tenho... mas temos que saber adaptar o processo criativo, que varia em diferentes trabalhos. Isto é: uma identidade para uma empresa, por exemplo, exige uma forma de pensar diferente do que se estiver a fazer um cartaz para o que quer que seja, percebes?
Quando recebo um briefing, a primeira coisa que faço sempre é ler e retirar a informação principal, antes sequer de estar a desenhar! Depois há coisas que vêm sem briefing, e nesse caso tento criar um briefing antes de tudo, ou uma série de palavras que vão ajudar no desenvolvimento da proposta. Depois há todo um processo de pesquisa e estudo que faço sempre, internet, wikipedia, essas tretas todas... ir buscar referencias gráficas a outros artistas, porque eu ainda sou “um menino” aqui não é? Tenho 19 anos... (risos)
Basicamente dou muita importância às palavras e tento sempre que o trabalho me diga alguma coisa. Isto quando tenho briefing, nos casos em que não tenho briefing nem nada visual faço o processo inverso: as palavras que eu crio à volta da proposta têm que me dizer alguma coisa para o trabalho, mesmo antes de passar para a parte gráfica. Daí também ser muito importante a parte do estudo e da pesquisa.





O que te inspira? De onde vêm as tuas inspirações? 

Uma coisa é inspiração, outra coisa são as referências. Eu como já disse tenho as minhas referências e aproximo-me, se calhar, bem delas... ou não, mas isso não me cabe a mim responder... Mas depois também existe a parte de inspiração e para mim pode estar num texto, numa imagem, em qualquer coisa... é por isso que muitas vezes o que eu fotografo, e as minhas descrições no instagram, já nem é para mostrar aos outros, mas sim para mim: é uma espécie de arquivo pessoal (é por isso que as hashtags e aquelas coisas todas me irritam, #asneiras #asneiras, não faz sentido nenhum!! O pessoal está todo maluco... a mim se quisessem retirar todos os likes e todas essas coisas era-me indiferente...)
O que quero dizer com isto é: Umas das minhas grandes inspirações é o próprio  dia-a-dia. Acho que como todos os designer, artistas, músicos, enfim quem quer que seja que está ligado às artes, a Natureza, para eles/nós, é uma grande inspiração!
Outra coisa que é uma grande fonte de inspiração para mim são os animais! Se tu reparares no meu trabalho, hoje em dia, quase todas as propostas têm animais. Não te sei explicar porquê, é involuntário, mas gosto mesmo de desenhar animais, assim como gosto de desenhar aviões de papel e uma série de coisas... Adoro cães, não gosto de gatos... quer dizer, gosto! Mas vá, moderado! E gosto muito de tartatudas, mas não tenho nenhuma... matei-as a todas. Mas gosto mesmo de tartatugas! (risos)
Mas retomando a pergunta: o que me inspira, resumindo, é a Natureza, é o dia a dia, pessoas, textos – que não sejam muito longos, textos longos para mim “eiii f****” (risos) - e às vezes o facebook, que não vou lá muito acho que o facebook consegue inspirar uma pessoa...


O facebook? De que maneira?

Aprenderes a retirar o que é mau! E eu retiro o que é mau para às vezes colocar no bom e no meu trabalho... críticas e coisas assim!







Que trabalho te deu mais 'gozo' fazer até hoje?

Eu tenho muito pouco trabalho... mas o que me deu mais gozo foi o “Viagem de finalistas Esad” para a Associação de Estudantes da faculdade. Era um cruzeiro e nós, á partida, já sabíamos que não ia ter ninguém então eu decidi por um patinho de borracha a afundar. Antes sequer de pensar em passar uma boa representação gráfica quis passar uma mensagem, a mensagem que as pessoas não aderem, não gostam... e pronto acho que foi uma forma clara de o fazer!
Pronto, claro que aquilo foi mais uma brincadeira mas foi uma coisa que me deu muito gozo. Pegar numa coisa séria e, através de uma mensagem visual criar uma espécie de manifesto, também para que as pessoas percebessem que nós estávamos ali mas não estávamos a brincar, fazíamos muitas coisas pela Associação de Estudantes sempre de uma forma séria... claro que houve coisas que saíram bem e outras mal, mas é como tudo. Ainda tenho uma série desses  cartazes que sobraram em casa.
Depois há outros trabalhos, como as “Maratonas fotográficas de Famalicão”. Na altura fiz esta proposta com o Bruno, eu mais na parte gráfica e ele mais a lidar com as pessoas/clientes, e chegámos à reunião e tínhamos tudo praticamente feito e, no final da reunião, quando o Bruno apresentou o orçamento, que pá, era uma coisa ridícula para aquele trabalho todo, o gajo diz-nos “ah, é que nos abrimos um concurso” e nós “’tá tudo!” . Eu, ressabiado como sou, peguei no cartaz e mudei-lhe a mensagem... O cartaz tinha uma lebre e então escrevemos “As cenouras nascem da terra, o design não”.
Pá, agora olhando aqui para o meu trabalho... é verdade, acaba por ir todo um bocadinho para o ‘ressabianço’, mas porque acabam por ser coisas que não foram pagas, que são coisas boas e que nós, por falta de trabalho, temos que mostrar de alguma forma. Eu não considero que seja um ‘ressabianço’, é mais uma brincadeira. Não é uma brincadeira de mau gosto mas é uma brincadeira porque nós nem mudámos os títulos, adaptamos as coisas de forma a puder mostrar o trabalho (no meu caso no Behance). Porque se eu não tivesse aqui estes trabalhos (embora nenhum tenha sido pago) não tinha nada para mostrar às pessoas o meu trabalho e por isso tenho que brincar com a situação... Nenhum dos trabalhos que tenho no portfólio até agora foi pago: são trabalhos enquanto freelancer, são propostas não pagas, auto publicações e trabalhos académicos.


 E que trabalho te fez crescer mais a nível profissional e pessoal?

Acho que quase todos eles, de certa forma, me ajudaram a crescer!  Olhando para o portfólio, que já vem desde o 2 ano da faculdade se não me engano, nota-se uma certa evolução, acho eu! Eu pelo menos consigo olhar para o meu trabalho e ver uma certa evolução a nível técnico, a nível conceptual, o que quer que seja... Também tive o estágio, que foi importante: ganhei muita maturidade, aprendi a saber lidar com as pessoas e o quão isso é importante.  O estágio se for bem orientado é muito importante!

Mas atenção!! Há uma coisa que é muito relevante: ao longo destes 4 anos de portfólio eu fui sempre tentando criar alguma coisa, mesmo que não houvesse propostas, e tentei com pequenos projectos (como ailustração do livro de 4ª ano do João) criar coisas grandes, coisas divertidas que sabes que, à partida, não vais receber mas tentar tirar sempre algum partido delas... Em vez de ir jogar computador ou de ir jogar à bola trabalhava em design, e tentava com que as pequenas propostas se tornassem todas em grandes propostas... e foi essa maturidade que fui ganhando ao longo destes tempos, porque a início se calhar dizia “Oh, não me apetece fazer” e agora consigo sempre aprender um pouco com todos os trabalhos. Claro que é importante o dinheiro, chegas a um ponto da vida em que olhas para a carteira e tens que arranjar o computador e não tens dinheiro, porque as pessoas não vivem só do gozo, e por isso é que é importante que as coisas sejam pagas e isso tem que ser claro, e o público em geral tem que perceber que nós gastamos muitas horas a fazer o trabalho que fazemos, tal como elas gastam muitas horas na contabilidade, ou a vender coisas, ou o que quer que seja... e nós não devemos ser colocados à parte, e isto não é uma crítica à sociedade atenção porque acho que somos cada vez menos, mas às vezes esquecem-se que nós também ganhamos, e não dão muito valor ao trabalho e depois ouvimos coisas como “dar-te dinheiro para fazeres isso? Fazes isso em 5 minutos”, são esse tipo de coisas... mas pronto!








Neste momento, se tivesses que nos contar uma grande ambição que tens na vida, qual seria? Algo que digas "posso não fazer isto agora, nem para o ano, mas há de haver uma altura da minha vida em que quero fazer isto!"?

É uma boa questão, mas eu não sei responder a isso... é assim: eu neste momento tenho a possibilidade de estar a trabalhar com o João Faria, na Drop, que é uma vontade que eu sempre tive, desde que saí da faculdade, e por isso uma das minhas ambições já está a ser realizada agora, o que é óptimo! Mas mais tarde? Quero puder ter algo próprio, algo meu, e trabalhar com pessoas fixes! Pessoas fixes ligadas à música, ao teatro, ligadas à cultura... isso era uma cena espetacular!! Claro que sem negar o trabalho mais institucional (identidades de empresas, sites e isso) que é tão ou mais importante, mas cá em Portugal é muito difícil... não nego ir para fora! Inglaterra, Holanda, Alemanha... até Austrália! Austrália é fixe, mas as praias não são assim tão fixes por causa dos tubarões.


O que achas do design português?

Isso é uma conversa que tem pano para mangas. Dava para fazer uma bela de uma camisola!


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#1 - Aviões de papel
#2 - Fun Godzilla


1 mimo do artista do mês - 6 
Pack artista do mês [conjunto dos 2 cadernos] - 10 
[ valor de portes de envio para Portugal incluído ]

Como sempre e em todos os modelos de mimos, podem personalizar a frase/texto sem qualquer custo adicional!


3, 2, 1:

Já podem começar a encomendar estes mimos tão especiais!
 Já sabem, é só enviar email para blog.thempire@gmail.com, com o mimo que querem e a frase para colocar na caixinha de texto.


Um especial obrigada ao Zé Luís, por teres alinhado nesta ideia! É um enorme prazer ter-te por estas bandas.
Foram umas belas horas de conversa, convívio e no fim ainda fomos almoçar ao Comida de Rua (lembra-se de vos ter falado do projecto Comida de Rua aqui no blog?)


E então, o que acharam do primeiro artista masculino?
Gostaram das ilutrações?
Contem-me tudo aqui ou no facebook.
Quero muito receber feedback da vossa parte, e o Zé Luís pode dizer que não, mas eu sei que também quer!

Um maravilhoso resto de semana e boa Páscoa!
lots of love,
The M Pire

1 comentário:

OverVascoPT disse...

Antes de mais, quero transmitir que não sou um robô.
Em seguida, parabenizar ambos pelo excelso trabalho (esta palavra é sumptuosa).
Por último, despedir-me e desejar-vos a melhor sorte.

“Estoura!”
Vasco Monteiro

P.S. Para evidenciar que "Não sou um robô" tive de escrever o seguinte: "ventsMor Euménídes". Extraordinário!